segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A banda

Formou-se tudo em um mês de Agosto; típico mês preguiçoso por ser depois das férias. Estávamos na 8º série, eu vindo de um ano repetente – um estranho no ninho, afinal todos estavam impecáveis com o colégio. Toda sexta saiamos cedo, bem cedo. E esse era o dia da “arte”; antes de Agosto resumia-se a: futebol, videogame, lan-house coisas triviais, mas que contribuíram para nossa afinidade – afinidade o que da sentido a uma banda (sem querer fazer referências a Los Hermanos). Mas naquela sexta a primeira do mês, havia algo diferente – eu estava empolgado por ter acabado de ganhar um simples MP3, que em suas funções mínimas, fazia gravações, isto abria um mundo de possibilidades para mim; gravar conversas, trotes, e o mais importante música. Neste bendito dia houve uma pequena briga com Leonardo (aspirante à baterista) fato comum entre nós - fiquei sem falar com ele - fato mais que comum entre nós. Então para não perder a sexta perguntei a Tré (pseudoguitarrista) porque não íamos a casa dele para cheirar alguns gatinhos e tocar um som? “Beleza” disse nosso amado guitarrista, quando saímos da sala de aula, apresenta-se a nós aquele vil baterista e nos interpela: Onde vocês vão? Ei Charlie (meu apelido)! Quero ir com vocês! - Fiquei puto na hora, mas ponderei.
Ao chegar à casa do Tré, o mesmo apoderou-se de sua viola e como em um truque de mágica barato começou a tocar “Polly” música de Kurt Cobain – personagem que influenciou demais a banda, inclusive nos momentos que errávamos e percebíamos ele se remexendo na sua “cumba”. De cara ficou definido quem seria quem. Eu conhecia a letra logo seria o vocalista, Tré o “guitar man” e Leopardo Leonardo que ao averiguar na toca do raposa casa do Tré, achou dois magníficos baldes de pipoca da Coca-Cola – que na minha opinião deveriam entrar para o museu do rock – e batendo-os num quase-ritmo, fizemos nossa primeira gravação, não ficou ótimo, também não ficou ruim, ficou péssimo. Neste dia fizemos várias outras gravações. Rolou Nirvana do começou ao fim, mas também rolou Ramones, White Stripes... E como não haveria de faltar, diversão, cheiradas de gatinho...
Depois da fase inicial percebemos que faltava um baixista para a banda. Perguntaram-me; porque não tu? Simplesmente, eu estava em uma banda e ainda não sabia tocar nenhum instrumento, faltava-me habilidade para pegar o contra-baixo, mas fiquei na promessa de aprender logo em breve, porém enquanto isso precisávamos dar um jeito nesse problema, mediante o problema – achamos uma boa solução convidar o colega maloqueiro, Arthur, que de cara pareceu uma ótima solução, mas depois vimo-nos enganados. Bem, pulemos esta parte... Resolvemos então convidar o amigo da antiga escola do Tré: Lucas, “o monocelha”. Depois de um mês dele na banda é que vim conhece-lo a principio o achei meio estranho, talvez empolgado demais, porém mais empolgado que eu naquela época não havia! Em pouco tempo de banda vimos no Lucas uma grande pessoa, e em uma de nossas reuniões ele surpeendeu-me com uma música composta por ele, chamava-se “Viva o Rotulo” no começo parecia uma porção de frases desconexas mas depois eu fingi que ficou claro, e tínhamos um hit em nossas mãos. Na verdade a história da banda foi permeada de hits, como: “Viva a Revolução”, “Alien (não somos patriotas)”, “Televisão”, tudo feito na maior brasilidade. Gostaria de aproveitar este resto de parágrafo para falar do estúdio em que ensaiávamos, o nome do dono é “Terror” acho que aí dá para ter uma idéia do que está por vim. O estúdio chamava-se Scorpion’s, na verdade era um bar e chamava-se Scorpion’s Bar, e o estúdio era embutido no bar, o bar era enorme, o estúdio era mínimo, com microfones baixos como um sussurro, eu tinha que berrar para minha voz sair, isso me deu uma seqüela, uma certa rouquidão que carrego na voz, a bateria era igual ladrão quando sai do PSM, toda enfaixada, para segurar as peças. Isto era o melhor que tínhamos encontrado, pelo dinheiro que tínhamos.
Logo após veio o conflito de idéias, e percebemos que cada um estava procurando um som diferente e a banda acabou. Pensei em terminar assim meu texto, mas você leitor atento, exclamaria, que idiotas! A banda só precisava misturar os sons e criaria uma nova cara para a música. Mas veja leitor, observe o Rio Negro e o Solimões, e o encontro de titãs, que nunca vão se misturar, é como água doce e salgada, foram feitos diferentes – para isso, para nunca se misturarem.

Um comentário:

  1. Tipo esse texto , ta ótimo ,
    muito engraçado ( ri alto )
    Ei charlie ! uhauhauhauah
    -ah e só mas uma coisinha
    will super na moda .

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