sábado, 23 de janeiro de 2010

Manolo


Na foto acima percebe-se que o Manoel sabe curtir a vida... Atentem para a sua camisa! olha onde ele vai pra manter a leitura em dia! quando não está com sua gata, claro!




“Ele entrou na sala, andando rápido – com passos larguissimos, como quem quer chegar logo no destino. O jeito excêntrico chamou todos os olhares, ele aproximou-se de nós e perguntou: O que vocês estão conversando?”
Relato anônimo sobre Manoel.


Tal relato seria irrelevante, se eu não falasse que este era o 1º contato de Manolo com a sala. Nesta hora não me agüentei. Por pensar tratar-se de um carinha fazendo graça. Encostei-me na parede e fiquei meia hora rindo, depois de retomado o fôlego ele estava intacto e eu acabado.
Estou falando aqui de um cara que vive a parte. Uns poderia dizer: ah, ele é pseudocelomado! Ou sofre de algum tipo de distúrbio. Mas é difícil defini-lo. Não brinco quando escrevo isso; ele é um caso a parte.
Nos dias de provas víamos o quanto ele se diferenciava, chegando a sala costumeiramente atrasado, perguntava a inspetora se aquela era a sua sala, mesmo depois de meses fazendo a prova na bendita sala... Ele sentava-se na cadeira mais afastada, e alguns segundo após ler a prova, soltava viscerais risadas, e ironias e comentários a respeito da prova. O que dava a entender que sairia dez. Depois perguntávamos como tinha sido ele respondia com a cabeça levantada e um tom sério: “é tirei zero”.
Após um tempo de convívio conosco, nós descolamos para ele o pseudônimo: “mestre”. Porque?

Algumas de suas frases explicariam o que eu tenho a dizer:
Gotas de sabedoria:
“O diferencial é o natural”
“Quando se está com dor de cabeça, se está com um conflito de idéias!”
“O que atrapalha na matemática são os números!”

Quem é Manoel? Está foi uma pergunta que me fiz antes de escrever, sempre tentei decifra-lo, ora parecia um sujeito que queria apenas chamar nossa atenção, ora parecia um cara que buscou a solidão (rimou!), mas acho que "Manusquel" é mais do que isso. Talvez um cara que viva neste mundo, vive e sobrevive, no entanto não sabe que está nele. É o que eu quero acreditar.

Boa Sorte Manoel.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Paulo, Doente?

Por que ficar andando por todo o bairro? Perguntava-me durante todo a minha infância. Havia um sujeito que morava próximo a minha casa chamava-se Paulo, mas eu nunca aprendi a chamá-lo pelo nome, eu ficava ali na janela ou sentado a beira da porta, e durante uma hora via-o passar umas duas vezes, como observador, apelidava-o de “Paulo Doente”, isso por que ele era “diferente” um senhor de uns 45 anos, as roupas velhas e as sandálias novas, uma casa bonita, o único que eu conhecia que era magro, mas era gordo. Explico; as suas pernas eram finas, os braços longos e mais finos ainda, mas a barriga era enorme, tinha medo de ficar perto dele porque achava que a barriga poderia explodir a qualquer momento. Lembrei agora! Outro dia minha tia disse que em uma fase mais inicial da minha vida chamava-o de “Paulo Fumão”, isso se devia porque a todo o momento o herói andava com um cigarro na boca, e às vezes, pegava-os do chão...
Porém havia uma coisa que me instigava no Paulo, ele não somente andava; ele andava e pensava! Pensava em que? Isso foi uma indagação constante. O que havia se passado na vida daquele homem. O que o levou a passar o dia andando sem rumo. Depois de crescido não me perguntava mais - saquei a onda do Paulo - ele andava para não ficar neste mundo, ele vivia a parte.
Ontem, ao chegar em casa eu o vi na rua, em suas andanças, que já não são como eram antes - agora é mais lento, o pensamento já não é mas igual ao de outrora, o tempo chegou para ele. Mas, houve um fato inédito, ele aproximou-se de mim, aquela barriga enorme, os olhos semifechados, e algo que eu nunca havia notado, o rosto trazia seqüelas de um derrame, a palavra eu nunca havia ouvido sair da sua boca. Chegou e indagou-me:
_ Tem cigarro? Disse o Paulo.
_Não. Respondi de forma seca e surpresa.
_Tá bom. Disse ele.
Foi só, ele se virou e saiu. Todos ao redor ficaram olhando. Não sacaram que ali havia um grande sujeito, que leva sua vida sem incomodar ninguém, e que no fundo só quer fumar mais um cigarro, em resumo ali tem um filósofo, um cara que já se descobriu, como eu sei? Eu só sei.
Agora tenho uma certeza: Nós somos Young!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A banda

Formou-se tudo em um mês de Agosto; típico mês preguiçoso por ser depois das férias. Estávamos na 8º série, eu vindo de um ano repetente – um estranho no ninho, afinal todos estavam impecáveis com o colégio. Toda sexta saiamos cedo, bem cedo. E esse era o dia da “arte”; antes de Agosto resumia-se a: futebol, videogame, lan-house coisas triviais, mas que contribuíram para nossa afinidade – afinidade o que da sentido a uma banda (sem querer fazer referências a Los Hermanos). Mas naquela sexta a primeira do mês, havia algo diferente – eu estava empolgado por ter acabado de ganhar um simples MP3, que em suas funções mínimas, fazia gravações, isto abria um mundo de possibilidades para mim; gravar conversas, trotes, e o mais importante música. Neste bendito dia houve uma pequena briga com Leonardo (aspirante à baterista) fato comum entre nós - fiquei sem falar com ele - fato mais que comum entre nós. Então para não perder a sexta perguntei a Tré (pseudoguitarrista) porque não íamos a casa dele para cheirar alguns gatinhos e tocar um som? “Beleza” disse nosso amado guitarrista, quando saímos da sala de aula, apresenta-se a nós aquele vil baterista e nos interpela: Onde vocês vão? Ei Charlie (meu apelido)! Quero ir com vocês! - Fiquei puto na hora, mas ponderei.
Ao chegar à casa do Tré, o mesmo apoderou-se de sua viola e como em um truque de mágica barato começou a tocar “Polly” música de Kurt Cobain – personagem que influenciou demais a banda, inclusive nos momentos que errávamos e percebíamos ele se remexendo na sua “cumba”. De cara ficou definido quem seria quem. Eu conhecia a letra logo seria o vocalista, Tré o “guitar man” e Leopardo Leonardo que ao averiguar na toca do raposa casa do Tré, achou dois magníficos baldes de pipoca da Coca-Cola – que na minha opinião deveriam entrar para o museu do rock – e batendo-os num quase-ritmo, fizemos nossa primeira gravação, não ficou ótimo, também não ficou ruim, ficou péssimo. Neste dia fizemos várias outras gravações. Rolou Nirvana do começou ao fim, mas também rolou Ramones, White Stripes... E como não haveria de faltar, diversão, cheiradas de gatinho...
Depois da fase inicial percebemos que faltava um baixista para a banda. Perguntaram-me; porque não tu? Simplesmente, eu estava em uma banda e ainda não sabia tocar nenhum instrumento, faltava-me habilidade para pegar o contra-baixo, mas fiquei na promessa de aprender logo em breve, porém enquanto isso precisávamos dar um jeito nesse problema, mediante o problema – achamos uma boa solução convidar o colega maloqueiro, Arthur, que de cara pareceu uma ótima solução, mas depois vimo-nos enganados. Bem, pulemos esta parte... Resolvemos então convidar o amigo da antiga escola do Tré: Lucas, “o monocelha”. Depois de um mês dele na banda é que vim conhece-lo a principio o achei meio estranho, talvez empolgado demais, porém mais empolgado que eu naquela época não havia! Em pouco tempo de banda vimos no Lucas uma grande pessoa, e em uma de nossas reuniões ele surpeendeu-me com uma música composta por ele, chamava-se “Viva o Rotulo” no começo parecia uma porção de frases desconexas mas depois eu fingi que ficou claro, e tínhamos um hit em nossas mãos. Na verdade a história da banda foi permeada de hits, como: “Viva a Revolução”, “Alien (não somos patriotas)”, “Televisão”, tudo feito na maior brasilidade. Gostaria de aproveitar este resto de parágrafo para falar do estúdio em que ensaiávamos, o nome do dono é “Terror” acho que aí dá para ter uma idéia do que está por vim. O estúdio chamava-se Scorpion’s, na verdade era um bar e chamava-se Scorpion’s Bar, e o estúdio era embutido no bar, o bar era enorme, o estúdio era mínimo, com microfones baixos como um sussurro, eu tinha que berrar para minha voz sair, isso me deu uma seqüela, uma certa rouquidão que carrego na voz, a bateria era igual ladrão quando sai do PSM, toda enfaixada, para segurar as peças. Isto era o melhor que tínhamos encontrado, pelo dinheiro que tínhamos.
Logo após veio o conflito de idéias, e percebemos que cada um estava procurando um som diferente e a banda acabou. Pensei em terminar assim meu texto, mas você leitor atento, exclamaria, que idiotas! A banda só precisava misturar os sons e criaria uma nova cara para a música. Mas veja leitor, observe o Rio Negro e o Solimões, e o encontro de titãs, que nunca vão se misturar, é como água doce e salgada, foram feitos diferentes – para isso, para nunca se misturarem.

Número 1

Nunca pensei em criar um blog. Mas há muito venho ouvindo: “Por que não crias um?”- “Devias te expor, te acho fechado.”. E eu respondia com um certo mau humor: “Não gosto dessa porra, isso é coisa de adolescente viciado em internet...”. E depois de um tempo após ponderar sobre a idéia – cheguei a seguinte conclusão: Esse de lance de blog, é coisa de adolescente viciado em internet, Bruno Medina que sem o que fazer conta histórias de uma banda em aventuras interioranas, e casos de faculdade, reflexões sobre o que é fazer música sem gravadora, e mais, que eu não vou citar por preguiça. Mas eu não senti o gosto de ter uma banda famosa, senti o gosto de arroz com feijão que é ter uma banda sem nome, sem instrumento para tocar e meios para se expor.

Então você, leitor, já muito puto lendo isso aqui solta um: “Égua muleque tu é doido! Esse bicho tá de kaô com a minha cara!”

“É que propriamente eu não sou um autor defunto, mas um defunto autor”. Isso poderia explicar alguma coisa. Mas eu resolvi aparecer, sair de trás das cadeiras e das teias de aranha, renascer como uma Fênix morta há 18 anos, que voando contra a correnteza (se é que existe um rumo certo), lhes contará casos de cheiradores de gatinho, denuncia impacto, sonho de uma noite em claro, coisas da cidade (prometendo o que não vou cumprir).

Não espero muitas visitas, minha popularidade nunca passou do nível 1,00000001 (vide tabela periódica), mas quem estiver afim de ler aquela estória contada por mim, verá com meus olhos, lamberá com minha língua todos sabores vividos por mim, você e todos nós.

"só pseudopoema"


Ela tem voz de Ringo, para mim é macia
Como veludo, bonde-telefone
Nunca causou choque, nem vai
Me aperta, morde, puxa, torce
Violência-arte. Ultra-violência

Manda plantar
Que eu vou morar
Em um lar de areia bem firme e sólido
Podendo habitar dois ou mais
Desta eu quero e não vou ficar atrás

Tudo que existia já passou
Havia tudo: carro vermelho, barco amarelo e avião violeta
[para combinar
Sem nada fico sem o não feliz. Com ela fica feliz
Agora só nos resta esperar
Que sem o ança da lembrança, nada é.